quarta-feira, março 04, 2009

"Porque eu não gosto que leiam meu livro levianamente. Dá-me tristeza narrar essas lembranças! Faz já seis anos que meu amigo se foi com seu carneiro. Se tento descrevê-lo aqui, é justamente porque não o quero esquecer. É triste esquecer um amigo. Nem todo o mundo tem amigo. E eu corro o risco de ficar como as pessoas grandes, que só se interessam por números. Foi por causa disso que comprei uma caixa de tintas e alguns lápis também. É duro pôr-se a desenhar na minha idade, quando nunca se fez outra tentativa além das jibóias fechadas e abertas dos longínquos seis anos! Experimentarei, é claro, fazer os retratos mais parecidos que puder. Mas não tenho muita esperança de conseguir. Um desenho parece passável; outro, já é inteiramente diverso. Engano-me também no tamanho. Ora o principezinho está muito grande, ora pequeno demais. Hesito também quanto à cor do seu traje. Vou arriscando então, aqui e ali. Enganar-me-ei provavelmente em detalhes dos mais importantes. Mas é preciso desculpar. Meu amigo nunca dava explicações. Julgava-me talvez semelhante a ele. Mas, infelizmente, não sei ver carneiro através de caixa. Sou um pouco como as pessoas grandes. Acho que envelheci."

O Principezinho de Saint Exupéry


2 comentários:

Mafalda disse...

brrrrr
o principezinho.... o meu livro favorito... gosh!!!!

Anónimo disse...

LOL... Life is a puzzle. Every peace fits together to create who we are, what we do and how we feel. Every experience shapes us into who we will eventually become. We all begin as a blank slate. Maybe our hidden memories tell a different story. Maybe we hold the key to a mystery even greater than that of our past. We are all so eager to remember, to grow up and experience life, but, at some point, one moment makes us wish we could go back to that blank slate, when life was easier… I think better people wish for it to. ;P